Antropoceno é a nova época geológica e representa um novo
período da história da Terra em que o ser humano se tornou a força
impulsionadora da degradação ambiental e o vetor de ações que são catalisadoras
de uma provável catástrofe ecológica.
A Terra entrou em uma espiral da morte. A sexta extinção em
massa das espécies e a crise climática são as ameaças mais urgentes do nosso
tempo. E o prazo para reverter essa espiral da morte está se esgotando. Será
necessária uma ação radical para salvar a vida no Planeta.
Em 250 anos a população mundial cresceu 9,2 vezes e a renda
per capita cresceu 15 vezes. Este crescimento foi maior do que o de todo o
período dos 200 mil anos anteriores, desde o surgimento do Homo sapiens. Mas
todo o crescimento e enriquecimento humano ocorreu às custas do encolhimento e
empobrecimento do meio ambiente.
O conjunto das atividades antrópicas ultrapassou a
capacidade de carga da Terra e a dívida do ser humano com a natureza cresce a
cada dia e caminhamos para a destruição da base ecológica que sustenta a
economia e a sobrevivência humana.
No Antropoceno, a humanidade danificou o equilíbrio
homeostático existente em todas as áreas naturais. Alterou a química da
atmosfera, promoveu a acidificação dos solos e das águas, poluiu rios, lagos e
os oceanos, reduziu a disponibilidade de água potável e está promovendo
extinção em massa das espécies.
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) romperam com o
nível de concentração de CO2 na atmosfera, de no máximo 280 partes por milhão
(ppm), prevalecente durante todo o Holoceno, e, em 2019, já está acima de 410
ppm, subindo cerca de 2,5 ppm ao ano, na atual década o que faz a temperatura
média da Terra ficar acima de um grau mais quente do que no período
pré-industrial, podendo iniciar um período de descontrole climático.
E isso teria várias implicações, como acidificação dos solos
e das águas e aumento no nível dos oceanos entre 10 e 60 metros. Os efeitos
danosos das mudanças climáticas vão se agravar com o tempo e, embora todas as
gerações já estejam sendo atingidas, são as crianças e jovens que nasceram no
século XXI que vão sentir as maiores consequências do colapso ambiental.
As ondas de calor vão deixar diversas áreas da Terra
inabitáveis. A solução mais simples e barata para evitar o aquecimento global
seria o aumento da cobertura vegetal do mundo para funcionar como absorvedores
de carbono. Mas está acontecendo o contrário.
Existiam 6 trilhões de árvores no mundo e esse número caiu
pela metade. A humanidade já destruiu a metade de todas as árvores do planeta
desde o avanço exponencial da pegada ecológica da civilização. Mas o pior é que
os seres humanos estão destruindo 15 bilhões de árvores por ano, enquanto o
aparecimento de novas árvores e o reflorestamento é de somente 5 bilhões de
unidades.
A Terra está perdendo 10 bilhões de árvores por ano e pode
eliminar todo o estoque de 3 trilhões em 300 anos. Além do aquecimento global e
da perda de cobertura florestal, a humanidade está degradando os solos e as
fontes de água potável.
Se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2 graus
Celsius estabelecido pelo Acordo de Paris, provavelmente, as terras férteis se
transformarão em desertos, as infraestruturas vão se desmoronar com o degelo do
permafrost, e a seca e os fenômenos meteorológicos extremos colocarão em risco
o sistema alimentar. Já estão aumentando as queimadas, os incêndios florestais
e a frequência e a intensidade dos furacões, tufões e ciclones.
Enquanto cresce a população humana e seus efeitos negativos
sobre o Sistema Terra, as populações não humanas definham e são arrasadas. O
ecocídio é um crime contra as espécies animais e vegetais do Planeta. Esse
crime se espalha no mundo em escala maciça e a cada dia fica pior.
O desaparecimento ou grande redução dos insetos e, em
especial, das abelhas ameaça a agricultura e a vida selvagem, pois não há
reprodução da flora sem os polinizadores. O avanço do progresso humano tem seus
limites no processo de empobrecimento do meio ambiente e o propalado
desenvolvimento sustentável se tornou uma falácia.
(Informações baseadas no artigo
Antropoceno: a Era do Colapso Ambiental do CEE/FIOCRUZ. Janeiro, 2020)
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