Onde está o coração amante? Nas coisas que ele ama – por conseguinte, onde está
o nosso amor, está cativo o nosso coração. Não pode sair, não pode elevar-se
mais alto, não pode ir para a esquerda nem para a direita; está parado. Onde
está o tesouro do avarento, aí está o seu coração; e onde está o nosso coração,
aí está o nosso tesouro.
E um nada, uma imaginação, uma palavra seca que nos disseram, uma falta de
acolhimento caloroso, uma pequena recusa, apenas o pensamento de que não nos
têm em grande conta – tudo isso nos fere e nos indispõe de um modo que não
podemos vencer! O amor próprio nos liga a essas feridas imaginárias, que não
saberíamos tirar, estão sempre presentes, e porquê? É porque se está cativo
dessa paixão. Que é que nos prende? Estamos nós na «liberdade dos filhos de
Deus»? (Rom 8,21) Ou estamos ligados aos bens, aos caprichos, ás honras?
Ó Salvador, abriste-nos a porta da liberdade, ensinaste-nos a encontrá-la.
Faz-nos conhecer a importância deste privilégio, faz-nos recorrer a vós para aí
chegarmos. Ilumina-nos, meu Salvador, para ver a que é que estamos apegados, e
põe-nos, se for do teu agrado, na liberdade dos filhos de Deus.
S. Vicente de Paulo