Na
sucessão das estações da vida, o tempo, fera, nos vai comendo. Primeiro, os
anos infantis da idade dos dentes de leite, mal capazes de morder, quando todo
amor é vão e temporão. Depois, os juvenis, tão aflitos, excitantes, tímidos,
frente a um mundo suculento, frutuoso, oferecido ao desejo, e a gente sem
coragem de colher o seu, deixando passar enquanto o tempo nos esgota aquela
idade. Mais tarde, apenas maduro já ou madurão, nos chega pleno em atracações
de meses, de anos, todas eternas enquanto duram, disse o poeta. Depois? Ora
depois, depois vem a era de quem era, triste era.
(fragmentos de
"Confissões" de Darcy Ribeiro)
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